sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pré-saudade??

 Coisa mais doida essa história de sentir saudades, né?!
 Alguém aqui já ouviu falar em pré-saudade?
 Pois é, outro dia estava me despedindo de uma pessoa, que ficaria fora por alguns dias apenas, e eu não conseguia dizer tchau. Ela não parava de falar, e de me atropelar com palavras desconexas, que não faziam o menor sentido pro momento, quando me exaltei e pedi que por favor me deixasse dizer tchau também.  Foram alguns segundos de silêncio, que  logo depois do susto foi quebrado num tom de justificativa: É a pré-saudade.
 Respirei fundo, na verdade foi um suspiro, risos, e sei lá eu porque motivo me sentir aliviada com a confissão.
 Mas eu fiquei pensando naquelas palavras, encafifada...
 Será que era pré-saudade o que eu também estava sentindo??
 Sim, porque eu sentia uma saudade doída, sem conformação, e isso já vinha me incomodando há algum tempo. Aquele sofrimento antecipado, que doía antes mesmo do motivo pelo qual deveria sentir saudades.
 É natural sentir saudades dos que se foram...
 Sentir saudades de quem já fomos...
 Sentir saudades do que achavámos que íamos ser...
 Saudades do que já passou...
 Mas daí sentir saudades do que temos e estamos vivendo, parecia maluquice, mas só podia ser mesmo coisa dessa "tal pré-saudade".
 O que sabia então era, que não me importava se pré ou antecipada, essa saudade doía mesmo diferente das outras saudades. Parece mais uma guerra de cães dentro da gente: Emoção x razão. fantasia x realidade...uma confusão que só!
 E nessa fase precoce da saudade, achamos que quando alguém se afasta um pouco é porque estamos perdendo...
 E nesse achismo todo, perdemos é o controle da situação, a pose, a graça e até o humor.
 Não há duvida alguma de que somos escravos dos sentimentos alheio. Absurdamente dependentes, que qualquer gesto de troca dessa saudade já alimenta nossa necessidade do outro. E daí que essa pré -saudade dói ? O importante aqui é que a reciprocidade nos completa, e conforta aparentemente...
 Pensando bem, a coisa vai tão além, que de tão marcante e presente que é em nossas vidas, ignoramos totalmente os poderes que a saudade exerce sobre a gente,  e agimos como se viver com saudades sempre, fosse natural.
 Pode até ser natural, mas não sempre e nem por tudo. Ainda mais fora de tempo, né?!
 A saudade quando sentida de maneira errada, nos prejudica...E vou descobrindo que a saudade  tem o poder de nos prender a um passado que nunca voltará. E que, presos a essa saudade, vivemos o passado como se fosse brasa no peito que teima em não apagar, e basta uma leve brisa pra reacender o fogo. E queima. Desfigura. Destrói!
 E reparando bem, melhor dizer, sentindo bem, essa pré-saudade nos cega o presente. Consequência de estar preso ao passado e a  ideia maluca de antever  o futuro, levando-nos assim a sofrer por coisas que nem aconteceram.
 Tudo agora passa fazer sentido, e não me parece  mais que uma grande ilusão..
 Aliás, tola ilusão!! Por que se eu perco, é porque nunca tive! Já diz o ditado. Então pra quê e porque dessa saudade  tão desesperada e sem nexo??
 Penso em tantos outros sentimentos pra sobrepor a saudade...
 As lembranças por exemplo, essas sim vale a pena, mesmo com uma pitada de saudade. Pois terá existido, sentido, e sido vivida mesmo que sem final...
 Podemos escolher também pelos sonhos, aqueles já conquistados e os que nunca aconteceram, e refleti-los com saudades que isso não nos fará sofrer...porque sonhos nunca morrem e podem ser recomeçados...
 Mas se insistirmos em colocar a saudade à frente  desses sentimentos, guiando nossas vidas, nunca nos entregaremos e viveremos inteiramente...Será sempre a tola ilusão de viver e sofrer, sempre!
 Chego a conclusão que mesmo quando alguém se vai, não perdemos esse alguém. Fica o nosso amor, a essência,  fica o que realmente é nosso: As lembranças dos momentos, os sonhos compartilhados e a esperança de fazer sempre o melhor!
 Nos atentemos pra esse sentimento chamado pré-saudade, mascarado pela ansiedade e acompanhado da dor. Pois, às vezes usamos palavras mascaradas pra definir o que sentimos, e inconscientemente pra não admitir nossas fraquezas.
 E seguimos acreditando nesse fingimento descabido, encoberto por essa "tal pré-saudade".
 Que  na verdade analisando os sintomas e causas, não é mais do que o MEDO escondido...
 Medo de não possuir, medo de não se bastar, medo da falta que o outro faz, medo de não ter sido suficiente. Deixando quase sempre passar a chance de viver ou de mudar uma vida. Por não nos conhecermos ou reconhecermos que: Não são os rótulos que damos ao que sentimos que nos põe de joelhos, ou nos faz ganhar ou perder...
 E sim, nossas atitudes, diante dos sentimentos que fazem ou não valer a pena!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Passos

 Ela caminha...apenas caminha...
 Talvez seja seu destino apenas passar pelas coisas. Ou talvez ela apenas não sabe como ficar...
 Sua estrada parece tão infindável, e de extrema importância. Essa estrada parece ser seu único elo por um vincado de sentimento de liberdade e de indeterminação, que a permite ainda ver seus muitos passos.
 Mesmo assim sua estrada parece outra. Tão distante dos primeiros passos. Tão mais difícil de percorrer...
 Agora, além de suas limitações, que a vida toda sempre foram uma preocupação, juntou-se-lhe agora a dimensão do tempo. Outras pessoas parecem ocupar a estrada. Pessoas que habitam seus passos, a percorrem, vivem pura e simplesmente nela.
 Mas para ela o caso pouco importa. Parece tão certo perceber que o desprendimento a toma, e assim ela passeia entre dois polos opostos, fato e ficção!
 Seus passos agora quebram o silêncio de seus pensamentos...Estão tão sincronizados uma sincronia marcada por cada batida de seu coração.
 Ela sente o vento que a atravessa, e preenche o vazio ao seu lado. Prá ela só resta caminhar...
 Esta é sua única certeza, sempre o mesmo caminho todos os dias, história retalhada que se converte em ironia ...rodeada de rostos e passos tão solitários.
 Esses passos já percorreram tanto, tantas ruas e vielas, que a fazem pensar estar andando em circulos. Mas seus passos nunca perdem o ritmo.
 Ela sente em suas veias pulsantes todas as aventuras desbravadas e os obstáculos contornados, com passos ligeiros e firmes de toda sua trajetória.
 De repente ela sente seus passos pesados, diminuindo, desanimando, até parar.
 Ela olha aos lados, só vê o nada...Ah! Seus pés dóem, e sentem um alívio quase que imediato, e quase num êxtase desfalece nos primeiros segundos de sua pausa. Toda sua perna parece agora bambear, não pode mais... Tão exausta!
 Mas ela precisa continuar. Como continuar?? Sua estrutura está abalada... Há muitos elementos que só fazem a tensão de seus pés aumentarem. Quem viu esses passos um dia tão largos, esperaria dela um charme mais de atores. Ela tenta...mas a dor...
 Ela não resiste, senta. Por um tempo incerto tudo à sua volta pára. Ela olha prá trás, mal se lembra de quando começou a caminhar. Mas as marcas nos pés, solas gastas, mostram muitas pedras pelo caminho. E ela só consegue pensar em como voltar ao ponto de partida. Ele não está lá. Ela só quer chegar em casa, mas só vê o horizonte à frente.
 Sente que está no meio do caminho e se sente ainda mais cansada. Sua dor aumenta. Não é uma dor física.  É muito mais que isso. Essa dor lateja sua vida, dependente daqueles passos tão impostos.
 Por um instante ela não pensa mais, e apenas se permite sentir... e sentir...
 Sente o ar de novo à sua volta. Folhas sendo sacudidas e derrubadas ao chão.
 Se dá conta de que nem percebera o tempo passar. foram só alguns minutos, que mais pareceram horas.
 Ela nunca quis perder os passos que ficaram prá trás. Sente vontade de correr agora, de voltar. Parecia tão mais seguro quando seus passos eram equilibrados por mãos.
 Sente o medo, muito mais medo de desistir agora e assim nunca então saber o que há pela frente. Ela foi e sempre será uma desbravadora.
 Então, toma folêgo, e começa de novo a caminhar, passo-a-passo, mesmo sabendo quão extenso, desconhecido seja o caminho, ele é também incrivelmente tentador!
 Comtempla as folhas pelo chão, sente o aroma do ar gelado e úmido da estação, e um delicado fio de sol que já se esconde, e a faz ver claramente que são esses os enfeites de seu caminho... e ela sorri!
 Sorri e chora, demasiadamente chora sorrindo, aquela nostalgia, aquele cansaço, e segue a passos lentos, mas confiante.
 E a cada passo à frente, vendo em seus olhos uma lição de vida. Que a vida sempre se renova...
 Ela percebe que não tem a ver com quantos passos, nem o ritmo deles, nem o trajeto...
 Mas que sem esses passos, no final não existiria o lugar de onde veio e nem prá onde seguir. E como chegar em casa está dentro de cada um...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cá, num desabafo...

Cá diz:

    - Mi, quero poupar a energia da minha imaginação. Ela tá com fadiga!!

Mi diz:

   - A verdadeira marketeira é assim. Sabe promover as próprias férias!! Ha ha ha

Nobody knows!


 Estou de pé, ainda que me falte sensações de membros inferiores.
 Respiro, mesmo que seja suspiros de saudades.
 Consumo, devoro lentamente nossas lembranças, meu coração não digere...
...acabo expelindo pelos olhos, pela alma.




 Falta de gastar contigo todo meu carinho!

domingo, 7 de agosto de 2011

Efeito espelho: Um olhar

 Quando ouvimos falar em efeito espelho, logo somos remetidos a superstições ou ferramentas de photoshop e o reflexo das águas. Esquecemo-nos do efeito espelho mais poderoso que existe: Um olhar.
 E por que não, ser o olhar, o reflexo de nossos espelhos?
 Um olhar subentende-se aquele que vê, mas também aquele que reflete. Sob o efeito espelho ( um olhar), podemos enxergar de maneira ilimitada a qualquer hora , qualquer coisa ou pessoa, e em qualquer lugar teremos um mundo de percepções, reflexões, sentimentos e constatações.
Esse efeito é capaz de mostrar sem precisar de palavras porque vê por dentro e por fora, em ângulos e dimensões diferentes ao que diz respeito à particularidade de cada um.
 Vivemos rodeados de espelhos o tempo todo. Há espelhos de várias cores: Verdes, azuis, pretos e castanhos. O efeito, no entanto, que observo não está neste patrimônio génetico de cores, mas principalmente dentro de nossas MENTES.
 Refletimos esse efeito cada segundo de nossas vidas, daqueles que nos cercam a aqueles que apenas cruzamos pela rua, e nem sequer fazemos ideia (quase sempre) de como esse efeito espelho está sendo refletido.
 Pensemos nisso!
 Ao despertarmos de uma noite de sono podemos observar esse efeito espelho, por exemplo: Quando lembramos de um sonho de forma real, ou simplesmente quando sonhamos acordados e visualizamos cenários, situações e até mesmo momentos, e mesmo sendo acordados, mas às vezes sem sequer ter aberto ainda os olhos, reconhecemos e refletimos lugares e pessoas nas nossas mentes , que se transformam em vontades e sensações...
 Espelhamos também esses efeitos no dia-a-dia. Se percebermos que somos aquilos que refletimos, nunca deixaremos um sorriso por esperar, um "bom dia" prá trás, e até mesmo um olhar terno, afetuoso, cuidador, daqueles que nos abraçam, que nos levantam e nos fazem sentir confiantes. Já o contrário, se sentirmos algo ruim, tendemos a ver tudo de mal ou mau, e assim, o efeito espelho citado lá no começo desse texto pode se tornar uma grande verdade ao invés de superstição, consequentemente, voltando tudo em dobro para nós.
 E quem vai pagar prá ver? Pois é, há quem pague. Acredite!
 Admiro muito os góticos por terem um efeito espelho tão sutil em seu modo de ver e sentir, mesmo que só veja isso quem os olhe através de suas capas pretas e delineadores marcados. Mas se até os espelhos de verdade precisam de uma moldura, prá se protegerem, não é mesmo? Prá que perder tempo focando em estereótipos? O coração e o caráter não vestem rótulos. Por isso admiro neles a sensibilidade e capacidade de esmiuçar delicadamente o belo na dor. No profundo. Na morte! E nem por isso são infelizes...
 Sentimos o efeito espelho durante o dia, ao ver nossas sombras refletidas no chão.
 Durante a noite, no travesseiro, olhando dentro de nós mesmo, no escuro onde cenas são repetidas, refletidas constantemente e involuntariamente por nosso subconsciente. Não queremos pensar e, aff, lá estamos: A pensar. Imaginar... a criar ideias e até neuroses.
 O efeito espelho a que tanto me refiro se dá por tudo que é menos, por nada que é mais. Numa simples canção, no olhar perdido no horizonte. No olhar esperançoso e em paz de uma criança... Na brincadeira com o bichinho de estimação que afaga e massageia nossa intolerância. No olhar temeroso, expectador e amoroso de um pai e uma mãe. Na graça de um amigo. Num choro engasgado por um filme. Na paixão avassaladora, e no amor doce e compreensivo. Na nossa rotina, nem sempre vivida só de coisas boas. Nos nossos quereres e poderes... Máquinas fotográficas, webcans, blogs ou papel e caneta.
 Na nossa atitude de lembrar o passado, de como desejar o futuro. E viver! Viver só no presente, prá sentir, amar e expressar o lado bonito e bom da vida.
 E até pela leitura de um texto simples como esse, mas que atenta pro melhor efeito, e que este espelhe sempre, um olhar mais reflexivo, e de amor!