sexta-feira, 20 de julho de 2012

O dia D.



Dou um pulo da cama.
Vejo às horas no despertador: sete e meia da manhã. Olhos abertos. Levanto um pouco tonta, meio desequilibrada e totalmente confusa. Sinto algo estranho no ar.

D
esintegrando sorrisos, meu pulso lateja a corrente dor, espalhando-se como poeira que arde os olhos. Estou no limite de um estado torpor e febril por decepcionar-me com minha 'pseudo-intuição'. Vou deglutindo o gosto amargo do dia que se aproxima. O dia D; da despedida, do desespero, desapego, desânimo, da desculpa, delirante e deletável ciclo 21.
Poros entreabertos captam a ausência, as mãos trêmulas mau escondem o sofrimento de uma noite insone e congelante, onde insana esperava ouvir sua voz me pedindo, me chamando: vem!
Guardo-me novamente no tempo dos lençóis, tentativa de amalgamar essa tristeza.
Aguardar-te-ei nas ilusões que estão por vir com gritos embargados.
Vou fingindo que esquecerei seus olhos devoradores e sua voz macia que perfura meu cérebro.
Vou me permitindo virar a página e marcar o seu dia no calendário como o dia do meu abismo. Enquanto deixo-me cair, sem tua rede de proteção. - Ah, quantas quedas livres foram prá cair em teus braços e o teu carinho que me amparaste.

Se você voltasse hoje, me encontraria como sempre quis. Talvez, se preferires voltar amanhã, se machuque nos cacos de alguém que deixa para trás. E com o corte fundo, a dor tão crua e os motivos penetrados. Que esse amor de outrora, náufraga nas veias de meu sangue, parece afogado para sempre.

Abandonarei de vez o papel de linda e inspirada, de compreensiva e apaixonada, enquanto, sua marcha nupcial me adoece. Não acreditarei mais em frases quase dentro da orelha, seguida dos beijos que me juraste amor. Combinamos que, não haverá próxima vez, e que agora você vai ser feliz em outro lugar.

Fica combinado que perdi a crença em bonecos de noivos em cima de bolo com recheio de coco. Em fatia cortada de baixo pra cima. Em goles de champangne com copos cruzados. Combinado então que, não creio mais nos votos, que alianças são apenas bons negócios, e que tudo que saiu do céu de sua boca, foram prá mim estrelas cadentes, onde só restaram os desejos...
Só para constar, meu coração já foi... Estou sentindo o resto ir aos poucos...
Semi morta, enquanto você renasce por aí, aguardo a confirmação da morte, o atestado de óbito do sentimento de nós dois.

Eu fico. Você, vai.
Você, seco. Eu, encharcada.
Ambos de amor.