domingo, 18 de setembro de 2011

Pai.

 Eu e meu pai tinhamos uma linguagem diferente. Uma paixão que compartilhávamos intensamente. A  entrega!
 Deixo agora à mão a poesia, e sigo no embalo da sua voz que ainda teimo ouvir. Trancadas à sete chaves, essas palavras que borbardeiam meu peito. E nessa ausência cortante de mudez e solidão, com letras e melodias agradeço todos os dias à Deus, por tê-lo conhecido, ser parte dele e o enchergar ainda vivo em mim, e não me negar e mostrar essa emoção que aprendi nos poucos 29 anos sendo sua filha.
 Sinto tanta falta das horas que passavámos juntos!
 O amor é tão frágil! E foi meu pai quem me ensinou que às vezes nos descuidamos dele. Mas que também devemos ir nos retratando com a vida, para que essa coisinha tão frágil sobreviva à todos os infortúnios.
 São longas as noites sem dormir, solitária, nessa travessia deserta. Passo por esses momentos...
 Errádica. Aceitar ainda não é uma tarefa fácil, chego a tremer. Mas ao menos tenho coragem de sentir.
 E aos poucos vou descobrindo forças desconhecidas, e sinto como se aquele abraço ainda me envolvesse.
 Como meu pai, acredito que o amor verdadeiro mesmo quando frágil, nunca morre! Que não possuímos poderes, ainda mais os de não perder...E tenho guardado esses e muitos outros conselhos.
 Trago comigo saudades cruéis. Paixões divinas. Lembro tristes finais. Mas só guardo em mim uma vida inteira de exemplos, entrega e amor.
 Um ano... Um ano que esse adeus não significou nada!! Pois ainda me basta fechar os olhos, e descansar naquele sorriso sereno. Respirar, e seguir em frente. Reconstruindo corações. Principalmente o meu.
E sabendo que só existiu essa  despedida, porquê tive um dos encontros mais lindos de minha vida!